sexta-feira, 9 de abril de 2010

Balançar


Pedes-me um tempo
pra balanço de vida




mas eu não sou de letras
não me sei dividir




para mim um balanço
é mesmo balançar
balançar é ter dar balanço
e sair...


Pedes-me um sonho
pra fazer de chão
mas eu desses não tenho
só dos de voar



e agarras a minha mão
com a tua mão
e prendes-me a dizer
que me estas a salvar


de quê?
de viver o perigo


de quê?
de rasgar o peito

com o quê?
de morrer
mas de que paixão?

de quê?



se o que mata mais é não ver
o que a noite esconde


e não ter, nem sentir
o vento ardente
a soprar o coração

Prendes o mundo
dentro das mãos fechadas
e o que cabe é pouco
mas é tudo o que tens

esqueces que ás vezes
quando falha o chão
o salto é sem rede




e tens de abrir as mãos





Pedes-me um sonho
pra juntar os pedaços
mas nem tudo o que parte
se volta a colar




e agarras a minha mão
com a tua mão e prendes-me
e dizes-me para te salvar.

(Mafalda Veiga)




Quantas vezes a nossa vida , precisa de uma pausa para que possamos fazer um balanço do que já passou, do que está a acontecer e do queremos fazer no futuro?
Um balanço, cujo o objectivo é debitar a felicidade, a segurança interior, a auto-estima, o amor próprio; e creditar as lágrimas, as tristezas, os sofrimentos, os cansaços, os desgastes...
Um balanço não se faz apenas com um "empurrãozinho", nem com uma vontade superficial de pensar e mudar, mas sim com um agitar por completo a vida analisando que frutos se podem colher de toda esta "árvore", na certeza de que colheremos frutos bons, e outros que não estão em tão bom estado!
Por vezes deixamos que o sonho comande a nossa vida, sonhos que são criados por nós mesmos, mas que nos dão a falsa sensação de segurança, de que estamos a ir no caminho certo... Mas quantas vezes essa segurança não é virtual? Quantas vezes na dura realidade esses mesmos sonhos, nos levam a perder o equilíbrio e sofrer grandes quedas? Quantas vezes o nosso próprio coração não é o desencadeador destas mesmas quedas? Entregamo-nos de corpo e alma ás emoções, aos sentimentos, às amizades, às paixões, ao amor; na certeza de que a vida só vale a pena, quando vivida desta forma, preferindo correr riscos, ignorando os perigos e por fim percebemos estamos a cair, e que nem temos direito a uma rede.
Resta-nos depois juntar os pedaços e aceitar que nem tudo o que parte se volta a colar e ganhar forças para (re)começar de novo, e seguir em frente!




1 comentário:

  1. uma abordagem genial...onde no para além das palavras se lê uma vida...cheia de futuro, de desafios...basta que aceites encher de esperança os passos que se seguem.

    abraço-te

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