quarta-feira, 10 de março de 2010

Ponto de luz

Escutando no vento
Tua voz secreta
Que me sopra por dentro
Deixe-me ser só ser.
No teu colo eu me entrego
Para que me nutras
E me envolvas
Deixa-me ser só ser.



Um ponto de luz
Que me seduz
Aceso na alma


Por trás dessa nuvem
Ardendo no céu
O fogo do sol rai

Eternamente quente
Liberta-me a mente
Liberta-me a mente





Um ponto de luz
Que me seduz
Aceso na alma


Sara Tavares



Quantos são os ventos que ouvimos todos os dias?
Ventos que nos tapam os ouvidos,
de tal modo que não conseguimos escutar o que de facto é importante,
a Tua voz secreta...
Deixamo-nos levar pela rotina do dia-a-dia,
pelas conversas quase sempre banais e sem conteúdo,
e mais uma vez, escapa-nos o que realmente deveríamos escutar!
Quando é que o meu coração Te escuta?
Quando é que me dou conta que Tu estás comigo? Sempre...
Quando é que em deixo acolher no Teu colo?
Quando é que vou perder este medo?
Porque Tu és mesmo assim,
disponível,
acolhedor,
libertador.
Estás sempre lá,
mesmo que eu não te sinta,
mesmo que me esqueça,
mesmo que eu Te rejeite,
lá estas Tu!
Mas há uma coisa que eu sei,
que Tu és mesmo este ponto de luz de que fala a música,
que todos os dias me quer seduzir,
mesmo sem eu dar por isso....
Basta-me estar atenta,
basta-me estar predisposta a aceitar-Te verdadeiramente dentro do meu coração,
basta-me sentir que só Tu me bastas....

sexta-feira, 5 de março de 2010

A experiência do silêncio

Um homem dirigiu-se a um convento de clausura, isto é, um convento onde se vive longe do ruído da cidade e num silêncio desejado. Perguntou a um desses monges:
- Onde aprendeis vós com a vossa vida de silêncio?
O monge estava a tirar água do poço. Disse ao seu visitante:

- Olha para o fundo do poço. Que vês lá dentro?
O homem olhou para dentro e disse:

- Não vejo nada. O monge ficou algum tempo sem se mover e no final disse ao visitante:
- Contempla agora. Que vês no fundo do poço?
O homem obedeceu e respondeu:

-Agora vejo-me a mim próprio: espelho-me na água.
O
monge concluiu:
- Vês? Quando eu mergulho o balde, a água fica agitada. Agora, pelo contrário, está tranquila.
É esta a experiência do silêncio: o Homem vê-se a si próprio
.

Pedro Ferreira



Esta foi a história que foi lida num momento de oração, em que participei esta semana. E nesta época em que faço o meu caminho quaresmal, não deixa de ser irónico esta história, neste momento de oração, neste preciso dia. A quaresma é tempo de mudança, é tempo de reflexão, de nos olharmos o mais fundo possível e percebermos o que devemos fazer para viver mais e melhor este caminho para a Ressurreição!
Esta tem sido uma fase particularmente difícil na minha caminhada... E com esta história, fui confrontada com a seguinte questão: " Ao olhar-me na água do poço, o que quero mudar em mim? "
É difícil encontrar uma resposta, principalmente porque acho que há muita coisa que eu preciso de mudar, mas uma coisa é aquilo que eu preciso mudar, outra coisa é o que eu quero mudar mudar e ainda outra, é o que eu consigo mudar em mim...
O caminho da mudança não é nada fácil!
O confronto inicial com aquilo que não é tão bom em mim, nem para mim, é uma luta interior que insisto em fazer sozinha... Começo a construir a minha muralha (como alguns lhe chamam...) e divago dias, semanas, talvez meses sobre o que sou, quem sou, como sou...
Que o CAMINHO que faço nesta Quaresma me ajude a encontrar as respostas que preciso e a enfrentar as minhas próprias lutas com serenidade e calma.