No dia 27 de
Julho pisei pela quarta vez o chão de Chapadinha!
Já tinha
muitas saudades do cheiro a pó e de sentir o “bafo” do calor escaldante.
Regressar a
Chapadinha para mim significa voltar a casa!
O reencontro
com todos aqueles que já conheço faz-me sentir em família!
Este ano durante o mês de Agosto foi pedido ao Grupo Missionário que trabalhasse em dois bairros: Bairro Novo e Bairro de Nossa Senhora de Fátima.
Nestas duas
comunidades ajudámo-los a visitar todas as famílias, casa a casa. De louvar foi
a forma como as pessoas sempre nos abriram a porta da sua casa, com um sorriso
no rosto, oferecendo logo uma cadeira para nos sentarmos e um copo de água para
“matar” a sede.
Senti muitas
vezes que estas mesmas pessoas que nos abriam a porta, precisavam muito de ser
ouvidas, de desabafarem as suas angústias, dores e conflitos.
Outro
trabalho desempenhado pelo grupo foram as actividades realizadas todas as
tardes nos dois bairros com as crianças e os jovens. Cada tarde era dividida em
duas partes: a primeira com aulas de grupo coral, aulas de viola e aulas de
pintura; e a segunda com jogos e brincadeiras ao ar livre com todos. Era
impressionante a quantidade de crianças que todos os dias apareciam nas capelas
para irem às aulas e para brincarem connosco. Senti que voltei a ser criança, a
jogar os jogos da minha infância que eles agora também gostavam tanto! Voltei a
ser criança com aquelas crianças! Muitas apenas pediam um abraço…
Aulas de Grupo Coral
Aulas de Pintura
Acompanhar a
caminhada que estas duas comunidades fizeram este mês encheu-me de orgulho por
ver o caminho bonito que faziam! As comunidades já se conheciam e já existia
uma ligação entre as duas, mas o trabalho feito em conjunto fortaleceu essa
mesma ligação. Agora fica o desafio de
que as pessoas do Bairro Novo e do Bairro de Nossa Senhora de Fátima, continuem
o trabalho já iniciado, um trabalho de visita, de cuidado, de atenção para com
as famílias, doentes, as crianças e os jovens.
Todos os
elementos do grupo acompanharam o padre Casimiro a algumas comunidades do
interior, onde celebrou Eucaristia, visitaram e viveram alguns dias com as
pessoas dessas mesmas comunidades mais distantes de Chapadinha. Para mim ir ao
interior é entrar no que é absolutamente essencial! As pessoas que conheci
vivem de facto com pouco, algumas com mesmo muito pouco, mas nem por isso menos
felizes, bem pelo contrário! Afinal
quando temos pouco, o que temos é o que basta! O padre Casimiro apenas consegue
celebrar duas Eucaristias por ano em cada uma destas comunidades, mas elas não
se deixam desanimar! Os dirigentes têm aqui um papel fundamental de impulsionar
as suas comunidades para a oração diária, a Celebração da Palavra ao domingo, a
catequese, etc.
Uma das estradas para o interior
Capela do Interior
Paisagem do interior
Mas houve
alguém que me ajudou muito durante este mês….
Deus….
Sem Ele,
tudo teria sido bem mais difícil!
Amparou-me
nos momentos em que as lágrimas teimavam em cair, quando o conflito interior
parecia apoderar-se de mim. Mas também lá esteve quando eu sorria, quando
oferecia o meu abraço bem apertado ao outro.
No fundo
posso dizer que tive a felicidade de ir conhecendo pessoas no meu dia-a-dia,
que eram verdadeiros rostos de Deus! Aí se comprova que onde quer que eu vá,
longe ou perto, no meio mais rico ou no mais pobre Deus de manifesta e nos vai
mostrando o Seu caminho!
Agora
regresso à minha outra casa, à Portuguesa!
Regresso
diferente?! Claro que sim… Mais madura, mais lutadora pela dignidade humana
(principalmente a das crianças), mais consciente da realidade que me rodeia,
mas também de que existem outras tantas bem diferentes da minha!
No fundo
regresso, mas o meu coração ficou em Chapadinha!
Guardo com
muito carinho tudo o que vivi e todas as pessoas com quem me cruzei, pedindo a
Deus que um dia me faça regressar!
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